domingo, 13 de fevereiro de 2011

Estou torcendo por Israel

Por Acauan Guajajara

Publicado originalmente em 28/10/2005 23:14:00

Eu era uma criança quando Egito e Síria atacaram o Estado de Israel no Yom Kippur.

Lembro de ter comentado com meus amigos: Estou torcendo por Israel.

Por resposta tive "todos estamos".

Bons tempos aqueles em que meninos discutiam geopolítica.

Dias depois daquele, as forças de Israel avançavam decididas rumo a Damasco.
Foram detidas, não por qualquer resistência militar dos sírios, mas pelo ultimato da União Soviética, que deixara claro que interveriria para impedir que seus aliados no Oriente Médio sofressem mais uma derrota humilhante.

Eu e os demais meninos bem informados da época não sabíamos que, por conta do tal ultimato, enquanto estudávamos nossas lições as forças armadas dos Estados Unidos da América haviam entrado em DEFCOM 3, o estado de alerta que colocava o mundo a dois passos da guerra termonuclear global.

Hoje, diante das declarações do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad de que Israel deve ser varrido do mapa, me lembro e pergunto por que crianças que deveriam estar mais interessadas nas aventuras do super-herói do momento se posicionavam a favor de uma nação da qual sabiam tão pouco.

No meu caso, complementa-se esta com a pergunta de por que tal simpatia por um pequeno país com o qual não tinha a mais mínima afinidade cultural se manteve até hoje.

Demorou décadas até ter a resposta simples, tirada das palavras recentes do presidente do Irã.

O Estado de Israel é uma democracia que não prega que qualquer outro país ou povo deva ser varrido do mapa.
Isto explicaria, em princípio, a simpatia.
Definitivamente para o Estado Judeu, um povo que foi sentenciado por um ditador paranóico a ser varrido do mapa, mas que sobreviveu e construiu um país que quer apenas sobreviver.

Eretz Israel.
A Terra de Israel.

Uma terra muito distante da inocência, como gritam as vítimas de Deir Yassin, Sabra e Chatila.

Mas ainda assim uma terra onde foi construído o improvável.
Nascida no deserto, uma nação próspera, erigida sob o ideal de que o Estado existe para garantir a liberdade e a autodeterminação do indivíduo e (por que não repetir?) o direito inalienável da busca da felicidade.

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