segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservadorismo - I

Por Victor Perez

Publicado originalmente em 16/01/2011 às 13:51

Globalismo, pacifismo, multiculturalismo, relativismo, desconstrucionismo, racialismo, gayzismo, ambientalismo, abortismo, feminismo e os bons e velhos socialismo, sindicalismo, trabalhismo e comunismo.

Conservadores sabem, ou ao menos podem imaginar com detalhismo gráfico, as conseqüências dessas idéias no mundo real, feito de pessoas de carne e osso. Exatamente por isso, existe uma tendência entre conservadores a demonizar os defensores desse tipo de idéia.

Mas essa postura é um erro. O conservador a adota por acreditar que o esquerdista está agindo de forma consequente, que ele almeja os fins que suas próprias ações procuram. O conservador, ciente de que essas ações não podem produzir nada bom, conclui daí que o globalista (ou ativista equivalente) é necessariamente mau.

Esse tem sido um dos grandes obstáculos na transmissão da mensagem conservadora. A tendência a presumir uma imoralidade de intenções baseada numa imoralidade de ações. Essa conclusão aplica-se apenas a pessoas consequentes, capazes de fundamentar seus atos num aprendizado passado. E é exatamente isso que esquerdistas não são.

Essa é uma hipótese completamente fora de propósito com os fatos e denota a incapacidade de conservadores de capturar a curiosa essência da condição esquerdista. A maior parte da esquerda não faz idéia das consequências decorrentes de suas próprias idéias e as defendem com a melhor das intenções. De tão apegados à bondade inerente de suas propostas, eles se dispõem a fazer pouco caso dos fatos contraditórios que lhes são apresentados e que demonstram inexoravelmente a desconexão completa entre suas ações e os objetivos pretendidos. Isso não é sintomático de uma personalidade essencialmente má, mas de uma psicologia demente.

Eles são acometidos por um delírio megalomaníaco altruísta e dessa condição mentalmente debilitada conduzem suas incríveis atrocidades. Embora seu altruismo seja abstrato, uma vez que esquerdistas não tendem a engajar-se em atos práticos de caridade na mesma intensidade que conservadores, ele não é necessariamente insincero. Na sua condição delirante, justifica seu altruismo nas ações que, pelo menos em teoria, conduzem à sociedade futurista que ele idealizou, ainda que para isso precise incinerar populações inteiras durante o processo de construção.

Uma das maiores dificuldades auto-impostas por conservadores é sua insistência em tratar a posição esquerdista como um argumento legítimo a ser atacado logicamente, ao invés de reconhecer que essa condição decorre de uma desordem cognitiva socialmente induzida e auto-fortalecida.

Eu mesmo reconheço ter insistido nesse approach por mais tempo do que deveria. O tratamento dedicado à esquerda deve ser mais psiquiátrico e menos dialético. E isso é algo que os conservadores precisam levar em consideração se quiserem efetivamente combater esse transtorno persistente.

Ao elevar esquerdistas de sua condição de paciente de um distúrbio de realidade ao patamar de opositor legítimo, o conservador está admitindo um debate com um oponente que não está amarrado a premissas fundamentais de qualquer troca de idéias racional, como a existência de uma realidade comum e cognoscível por meio dos fatos experimentados no passado. Derivando dessa premissa, qualquer tentativa de debate é um empreendimento fútil de produção de ruídos, saliva e agitação de braços condizente com a realidade de um hospício.

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