quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Comentários sobre a educação pública no Brasil - parte 2

Por Acauan Guajajara

Publicado originalmente em 07/07/2007 às 20:10

Os ideólogos marxistas encarregados de reformar o ensino público brasileiro, sob a benção dos militares governantes, iniciaram uma estratégia de desmonte dos valores tradicionais herdados da educação católica:

- A função da escola é preservar e transmitir o saber humano acumulado;
- O saber promove a ascese espiritual do indivíduo;
- A educação conscientiza o homem de seus deveres e responsabilidades individuais.

O que tornava o modelo tradicional de educação vulnerável à crítica é que este não tinha pretensões de ser aplicável em massa, preferindo à qualidade à quantidade e admitindo uma hierarquia social que situava as pessoas cultas e educadas no topo.

Para os marxistas o modelo de ensino tradicional era elitista, socialmente discriminatório e orientado para a preservação do status quo.
Era claro para eles que não era um modelo a ser reformado, mas desmontado completamente e substituído por outro erigido sobre valores marxistas:

- A função da escola é conscientizar as massas;
- A escola deve promover a mudança social;
- A educação deve preparar as classes exploradas para seu papel histórico.

Parece estranho que os militares tenham aceito tal modelo, que além do esquerdismo óbvio ainda contrariava a educação tradicional clássica dada na Academia Militar das Agulhas Negras, Escola Naval e Academia da Força Aérea, centros de ensino de excelência nas quais todos os oficiais se formaram.
Houve que os ideólogos de esquerda acenaram com o que os generais mais queriam na época, que era transformar as escolas públicas em centros profissionalizantes de massa, capazes de alfabetizar e preparar toda uma geração para o exercício das profissões técnicas na indústria.

Os que atentaram para as diferenças entre os princípios da escola tradicional e os de seu substitutivo marxista notaram uma guinada de um foco no encontro entre o indivíduo e o conhecimento, visando formar um indivíduo melhor, para uma proposta de conscientizar as massas visando construir uma sociedade melhor.

Ou seja, a instalação de uma visão coletivista no ensino.

O grande mal do ensino de orientação marxista é que nele pouco importa se cada aluno individualmente aprendeu alguma coisa e cresceu como ser humano.
Neste modelo o sucesso é medido coletivamente, a partir de o quanto a sociedade, classes ou as massas se tornaram mais conscientes, uma abstração sem significado lógico, mas que é a base desta percepção ideológica da realidade.

Vem daí a origem dos efeitos hoje percebidos por todos, escolas que não reprovam os alunos inaptos e não se importam com o fato de eles chegarem ao ensino médio na condição de analfabetos funcionais.

Enquanto o ensino tradicional se importa em saber o quanto determinado aluno aprendeu, o quanto determinado indivíduo sabe, o modelo marxista se importa com o total de saber passado ao coletivo, à massa indefinida e abstrata que é o centro e objetivo do modelo e o quanto este saber os preparou para seu papel histórico, a construção da sociedade plenamente igualitária.

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