quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Comentários sobre a educação pública no Brasil - parte 3

Por Acauan Guajajara

Publicado originalmente em 07/07/2007 às 20:58

Definido o plano ideológico de desmonte do sistema tradicional de ensino e sua substituição por um modelo coletivista de inspiração marxista, sua colocação em prática dependia da capacidade de seus ideólogos em driblar a vigilância dos militares governantes, seduzidos pela promessa de instalação de um ensino de massas voltado para a formação técnica de mão-de-obra para a indústria, mas ainda muito pouco tolerantes com qualquer tipo de doutrinação política esquerdista explícita.

Além disto, as escolas ainda estavam cheias de professores e diretores formados na antiga tradição de saber individual como objetivo, disciplina e dedicação como meios, que resistiriam à nova filosofia oficial de ensino.

O desmonte começou pelos currículos escolares, a partir do de humanidades.
- Latim? Se é uma língua morta pra que ensinar?
- Filosofia? Coisa de quem não tem o que fazer.
- Literatura Portuguesa? O que Camões sabia sobre a realidade brasileira?

Seguido do ensino da matemática.
- Demonstrar teoremas? Pra que se já sabemos que estão certos?
- Conceitos fundamentais de geometria plana? Só interessam as equações.
- Polinômios? Vão usar isto onde?

E das ciências naturais:
- Experimentação? Laboratórios são caros...

Em compensação as ciências sociais ganhavam um novo destaque, com as aulas de História, Geografia e Educação Moral e Cívica sendo continuamente assumidas por professores marxistas, que expunham suas disciplinas segundo suas convicções ideológicas.

Detonados os currículos, seguiu-se a pulverização dos valores tradicionais da escola.
Excelência passava a ser considerada elitismo, os padrões de exigência deviam se adaptar aos menos capazes e não exigir deles que se esforçassem mais para apresentar melhor desempenho.
Disciplina passava a ser considerado repressão, o professor não devia se colocar acima do aluno como um ser superior e distante e sim tratá-lo como igual, os rituais de demonstração de respeito deviam se abolidos, punição devia ser substituída pelo diálogo.
Civismo passava a ser considerado propaganda da ditadura, o hasteamento da bandeira e o Hino Nacional deviam ser suprimidos.

Com o fim do regime militar o processo de desmonte do ensino tradicional se completou.
Não apenas desaparecia de cena a repressão ao esquerdismo, como se estabelecia sua dominância ideológica, já que tudo que podia ser associado à ditadura moribunda devia ser considerado mau e repudiado.

O tempo fizera seu papel conduzindo à aposentadoria os professores e diretores da velha guarda, apegados aos valores do ensino tradicional.

Os ideólogos de esquerda eram agora senhores absolutos das escolas públicas brasileiras.

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