quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Provando um argumento abortista como estúpido e sem-vergonha – parte 5.

Por Acauan Guajajara

Publicado originalmente em 30 Mar 2007, 15:00

Passando à terceira afirmação:

Ser contra a regulamentação da I.V.G. em parâmetros minimamente consensuais leva à continuidade de números de aborto elevados, sendo estes números apenas especulações e não objectivos. Porquê? Porque nenhuma mulher irá a um hospital preencher uma ficha a dizer que abortou clandestinamente e que é criminosa e que deve submeter-se a um julgamento e possível prisão. Os números conhecidos provêm das mulheres que morreram em complicações derivadas do aborto clandestino, ou que foram a um Hospital por complicações menores. Factores como violação entram em várias leis de vários países em que não é despenalizada a I.V.G.. Na maioria dos casos nem o caso de violação é levado em conta, pois as excepções não conseguem ser geridas em virtude dessa mesma penalização. Várias mulheres violadas tentaram em vão abortar, mas antes dos processos juridicos e médicos chegarem a um consenso de quem é o pai, se ela foi mesmo violada, como um hospital irá gerir uma I.V.G. se esta é proibida, para além dos paralelos processos se perderem nas burocracias. Quando o veredicto chega já a criança nasceu.

Porque o argumento é estúpido:

O argumento é estúpido, primeiro, por reincidir no erro já apontado de afirmar que ser contra a liberação do aborto equivale a ser a favor dos efeitos colaterais indesejáveis decorrentes da ineficácia da proibição.

Mas o principal indicativo de estupidez do argumento, no parágrafo destacado e em todo o texto, é a contradição existente entre afirmar explicitamente que são meramente especulativos os dados sobre abortos clandestinos intensiva e extensivamente utilizados como fundamentais na defesa da legalização do aborto.
Se o próprio argumento reconhece que se fundamenta em dados meramente especulativos, tem-se que todas as suas conclusões não podem ser mais confiáveis que os dados que as sustentam.

Em contradição a esta obviedade, o argumento sustenta conclusões definitivas sobre dados que admite especulativos, como no início do parágrafo, quando afirma taxativamente que ser contra a legalização do aborto implica na manutenção de seus altos números, sendo que a afirmação registra uma certeza tirada de números que o próprio argumento declara incertos.

O argumento não apenas registra a pouca confiabilidade dos números especulativos de que se vale, como explica o mecanismo que torna estes números pouco confiáveis, sem apresentar em nenhum momento a fórmula que transformaria estes dados especulativos e obtidos sob condições que não lhes afere confiabilidade em totalizações confiáveis, passíveis de ser utilizadas como elemento de propaganda e reivindicação, como é feito pelos defensores da legalização do aborto.

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